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Estava eu caminhando despretensiosamente pela avenida Barão do Rio Branco, em frente a sequência de agências bancárias que nos dão a ilusão de dinheiro fácil e, ao mesmo, tempo lucram com os juros de nossas dívidas e consignados… De repente sou parado por um cidadão, aparentando seus vinte e poucos anos ao lado de uma moça de mesma faixa etária…
- Bom dia, senhor!… Me saúda o rapaz com um leve sorriso e um brilho nos olhos castanhos…
- Bom dia, meu jovem!… Respondi arriscando também um sorriso e um brilho no olhar…
- O senhor gostaria de comprar algumas trufas para ajudar no nosso casamento?
Meus olhos brilharam ainda mais… As pupilas se dilataram… Como dizia minha mãe: Arregalou as bolica do zóio… E minha mente, numa fração de segundos, começou a processar a informação: Tanta gente nesse Brasil e no mundo propagando e financiando o ódio, a disputa, a competição, as discussões acaloradas… E, diante de mim, um jovem casal que vende trufas para fazer um pé-de-meia para seu casamento… Ou seja, contribuindo com eles, estarei financiando o amor... E o melhor é que os juros vão render para os destinatários, ao contrário do que os bancos fazem…
Minha resposta foi: Sim!... Em seguida, ouvi da noiva, a disponibilidade dos sabores e a promoção: quatro trufas por dez reais… Saí bem feliz, com os bolsos cheios de trufas e o coração cheio de alegria por poder ajudar um casal a começar a vida a dois…
Todos sabemos o quanto o casamento está defasado atualmente… Claro que o tempo que se mantém com um cônjuge não deveria, jamais, ter julgamento alheio, pois toda forma de amor é válida, assim como todo tempo de duração de um amor também é válido… Um grande amor não precisa durar uma vida inteira para ser intenso e inesquecível… Porém, os amores duradouros ainda conservam seu brilho…
Quando se presencia numa avenida, um casal vendendo trufas a fim de angariar fundos para o casamento, renasce a esperança na humanidade…
Não se pode afirmar que eles serão felizes para sempre como nos contos de fada… Pode ser que se divorciem depois de um tempo, ou dancem juntos a valsa nas bodas de diamante… Seja como for, a atitude é magnífica… Num mundo em que se supervaloriza a “ficada”, um casal que deseja a vida matrimonial é uma exceção, quando deveria ser a regra…
E viva o amor!… E viva a partilha de vida!… E viva a dedicação mútua!… E viva as trufas matrimoniais!…
Márcio Roberto Goes
Professor, escritor, locutor...