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As experiências e os estudos de aprofundamento efetuados pelo supervisor são responsáveis por guiar um trabalho visando a compreender o desempenho do professor no cotidiano da escola, principalmente na sala de aula.
No movimento de compreensão do trabalho do educador, o supervisor deve levantar interrogações, efetuar afirmações, confrontar idéias, tentando descobrir com o professor a melhor forma de ensinar, aprender e educar uma determinada classe de alunos. (MEDINA, 1997).
De acordo com Medina (1997), a aproximação do trabalho do supervisor com o trabalho do professor regente de classe é possível, desde que se considere a escola como local de trabalho produtivo.
Uma vez que a escola é um local de trabalho, a união entre supervisor e professor regente de classe se faz partindo-se da compreensão de que ambos são profissionais e trabalham em instâncias diferenciadas de uma mesma escola.
Em conformidade com essas instâncias, um profissional – professor – constrói conhecimentos numa relação de ensinar e aprender com um aluno que aprende-e-ensina. Ambos implicados em processos simultâneos de ensinar, aprender e educar geram produção específica – aprendizagem – do aluno.
Tal aprendizagem consiste no objeto de trabalho do outro profissional – supervisor – que a problematiza, pondera, discute e acompanha com o professor o tratamento dado aos conteúdos lógicos e aos conteúdos relativos às condições existenciais dos alunos. (MEDINA, 1997).
No juízo de Medina (1997, p. 31):
É na compreensão e no entendimento da forma de tratamento dado pelo professor aos conteúdos e às condições de existência dos alunos que o supervisor sistematiza seu trabalho no interior da escola. Estas duas dimensões configuram o processo de ensinar e aprender, que se dá numa relação entre o professor que ensina-e-aprende, o aluno que aprende-e-ensina e o supervisor que orienta-aprende-e-ensina, embora não se possa identificar com precisão quem inicia este processo.
Para Nogueira (1989), o compromisso do educador na atualidade é, prioritariamente, com a educação, como elemento de transformação da educação, vale dizer, da própria sociedade.
Destarte, este é e deve ser também o compromisso do supervisor educacional que se assume como educador. Apenas em um quadro de referência político-pedagógico mais amplo, o supervisor educacional poderá se colocar enquanto um supervisor-educador.
Nesse sentido, é necessário ao supervisor educacional compreender e ultrapassar a percepção da escola brasileira na sociedade capitalista, visualizando situá-lo no contexto de uma nova sociedade. A partir daí compreender as possibilidades de denúncia e transformação que ele deve assumir como um supervisor-educador. (NOGUEIRA, 1989).
Saviani (1983 apud NOGUEIRA, 1989), ao estudar a função do supervisor infere que a supervisão em educação é entendida como uma função educativa. Como tal, possui ela a característica técnico-política de instrumentalizar o povo para determinados fins de participação social. Dependendo da perspectiva de quem educa, tal instrumentalização conduz a uma participação que pode ou não estar em conformidade com os interesses do povo. Todavia, a maior parte dos supervisores ainda não se deu conta dessa realidade, nem mesmo cumpre sua função política, sendo que restringir a função técnica aos procedimentos, estratégias, recursos, em detrimento dos conteúdos, pode ser uma forma de dissimular as contradições e de voltar-se para os interesses dominantes.