Caçador- Santa Catarina - Portal CDR - contato@portalcdr.com.br
Ninguém sabe. Ninguém viu. Ninguém presenciou. Ninguém falou por falar...
Por que então a fofoca se espalhou? Por que a difamação se alastrou? Por que as informações extraoficiais tiveram destaque infinitamente maior que as oficiais?
Cada um com uma pedra na mão, pronto para atirar... E atiraram... Esqueceram-se da frase do mestre: “Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra”... Acertaram o alvo... Perceberam as consequências da mira certeira e se arrependeram... Também eram pecadores, mas estavam na onda da condenação. Afinal, pisar em quem já está no chão é muito mais fácil e cômodo, além de fazer o pisador se sentir superior...
Mas o mundo não para. Ele gira rapidamente e os papéis podem se inverter. A mesma mão que atira a pedra hoje, amanhã pode se estender para pedir ajuda a fim de se livrar das pedradas da vida... Quem está no grupo dos apedrejadores agora, no futuro poderá ser o alvo...
E os boatos se espalham, a fama aumenta, uma grande porcentagem acredita no extraoficial, atira pedra também e manda para frente, esperando que mais gente apedreje e emende mais uma informação à bola de neve que desce a montanha... A bola, por sua vez, vai ganhando tamanho, velocidade e onde passa, vai arrastando tudo o que encontra. É aí que os atiradores de pedra recebem sua recompensa, pois a bola que desce a montanha devolve muitas das pedras à plateia. “Eu não tenho nada com isso”, diz alguém que há pouco atirou uma pedra... “Nem o conheço”, justifica outra testemunha ocular... “Eu vi. Foi bem assim”, fala alguém que não estava presente ao fato... E o galo canta, profetizando a condenação da língua humana...
O fato... Os olhares... Os comentários... O julgamento alheio... Os boatos... Mais boatos... Outros boatos... Milhares de boatos... O que aconteceu de verdade?... Ninguém sabe!... Ficaram presos às fofocas e esqueceram a essência...
O que aconteceu? Foi assim. Foi assado... Não foi... Fez... Não fez... Quis... Não quis... Todos têm uma informação nova. Uma nova acusação. Ouvem pela metade e completam a seu gosto...
O que mesmo aconteceu?... Ninguém sabe... Ninguém viu... Poucos ouviram... Poucos escutaram... Mas todos falaram... Todos julgaram...
Meu psiquiatra me perdoe. Mas quem mesmo tem transtorno? O fofocado, ou o fofoqueiro?...