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Surgida no crepúsculo do século XVIII e início do século XIX, a creche emerge como um espaço destinado a promover a educação infantil, propondo-se a atender e guardar crianças de zero a três anos, durante o período de trabalho das famílias. É assim, conforme Sanches (2003), uma instituição atrelada às necessidades do nascente movimento rumo ao capitalismo e à urbanização.
No Brasil, como pressuposto da educação infantil, a creche surge no final do século XIX, em decorrência do processo de industrialização e urbanização do país.
Ocorre o crescimento das cidades localizadas nas regiões ricas, pela migração das áreas mais pobres que buscavam trabalho e melhores condições de vida.
O surgimento da educação infantil estava, assim, diretamente relacionado com o processo de industrialização iniciado pelo desenvolvimento e expansão do capitalismo.
De acordo com Sanches (2003), tinha-se a idéia de que atendendo bem ao filho do operário, este trabalharia mais satisfeito e produziria mais.
Já nos anos 20, o Estado concede estímulos fiscais ao atendimento à criança. O Poder Público entabula a fornecer docentes, funcionários, material pedagógico e mobiliário escolar, incumbindo à sociedade civil a manutenção e prestação dos serviços.
Para os juristas, a criação dos espaços destinados a promover a educação infantil era a forma de conter a criminalidade, conseqüência da desorganização familiar.
O ingresso da mulher no mercado de trabalho para aumentar a renda familiar conduziu à necessidade de criação da creche. Para a classe média, a creche poderia contribuir na diminuição dos altos índices de mortalidade infantil.
O atendimento à infância foi profundamente influenciado pela perspectiva médico-higienista, como parte de um projeto maior de saneamento, necessário a um país que se queria civilizado e moderno.
Somente na década de 40, o Estado desenvolve uma política assistencial de caráter global, equipando as instituições oficiais de atendimento à infância com pessoal “qualificado” na área de saúde (SANCHES, 2003).
Inicialmente, as instituições de educação infantil não tinham a preocupação de educar a criança. No entendimento de Kishimoto (apud SANCHES, 2003), as escolas maternais eram instituições de assistência à infância e foi somente com a absorção das propostas pedagógicas que transformaram-se em unidades pré-escolares, oferecendo educação e assistência social.