Caçador- Santa Catarina - Portal CDR - contato@portalcdr.com.br
Na sexta-feira, dia 5 de junho, foi comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. Em Caçador é desenvolvido um projeto que ilustra a preocupação com a preservação do planeta através dos cuidados com a água, que é um recurso natural e essencial para a vida e que poderá ter fim se não preservada. A Prefeitura Municipal de Caçador, por intermédio da Fundação Municipal do Meio Ambiente (FUNDEMA), com apoio da EPAGRI, mantém o Projeto SOS Nascentes.
O presidente da FUNDEMA, Luiz Gustavo Pavelski, explica que o foco do trabalho é a preservação das nascentes existentes nas propriedades rurais distribuídas por todo interior do município. Com a iniciativa, a população que não tem acesso à água tratada igualmente ao que ocorre na área urbana, possui nascentes totalmente livres de contaminação. Além disso, a preservação tem o objetivo de manter a quantidade e a qualidade de água constante, para ser utilizada pelos atuais moradores e pelas gerações futuras.
O projeto SOS Nascentes completa em 2015, dez anos de existência, mas foi a partir do final de 2013 que recebeu atenção especial. De acordo com os dados da FUNDEMA, atualmente Caçador é o município em Santa Catarina que mais possui nascentes preservadas, no total são 91 somente neste projeto, sendo que outras 50 estão com o processo em andamento. Porém, vale lembrar que existem outras iniciativas como o Projeto Micro Bacias e o da Caixa Econômica Federal que possuem o mesmo objetivo.
Se somadas todas as iniciativas, Caçador possui 215 nascentes de água sendo preservadas. A proteção das fontes consiste na implantação do modelo caxambu, uma tecnologia desenvolvida pela EPAGRI e que é usada por diversos municípios no Brasil.
A diretora de Meio Ambiente da FUNDEMA e engenheira ambiental, Raquel Gomes de Almeida, explica que a proteção possui grande vantagem, pois além de garantir que a nascente não será contaminada por agentes externos, que podem ser, por exemplo, agrotóxicos, dejetos de animais e também de humanos, apresenta uma metodologia de fácil execução, sendo que no máximo em um dia de trabalho conclui-se a vedação da nascente. No caso de Caçador, a Prefeitura fornece todo o material para a preservação da fonte, a única contrapartida do beneficiado é a mão de obra para que o trabalho seja executado. “Uma das principais vantagens desse método, é o baixo custo de implantação, o que possibilita que várias famílias sejam contempladas”, explica a engenheira.
Existem duas modalidades de trabalho a serem desenvolvidas para cada nascente. Para diagnosticar qual dos serviços precisa ser realizado, equipes da FUNDEMA e da EPAGRI de Caçador realizam uma visita técnica. Para o procedimento mais simples que é adotado em nascentes que já possuem a Área de Preservação Permanente (APP) preservadas do contato humano e de grandes animais, recebe investimento de cerca de R$ 500,00 cada. Já em outros casos, em que houve devastação da área no entorno da nascente e com acesso de animais, o investimento individual fica em torno de R$ 2,7 mil.
De acordo com Raquel, além de ganhar todo o material que é composto de tubos, canos, pedras, lona e argamassa, em casos em que há necessidade, o produtor recebe mudas nativas e frutíferas para serem plantadas nas imediações da nascente. “Além da proteção, as áreas implantadas passam a ser cercadas respeitando a legislação vigente para o assunto, e são plantadas diversas mudas de espécies nativas, produzidas no horto municipal pela própria FUNDEMA. O objetivo é conservar esse espaço e evitar que animais caminhem por cima e destruam o trabalho de preservação realizado. Outro fator importante é que a presença de vegetação funciona como proteção, pois auxilia na manutenção da umidade do local, evita erosão e assoreamento”, explica a engenheira ambiental.
Devido à aceitação que o projeto SOS Nascentes de Caçador obteve junto aos produtores rurais, atualmente está ocorrendo à ampliação de algumas atividades. Além da preservação das nascentes, o projeto contempla outras duas linhas. Uma delas é o tratamento de efluente doméstico, em que está ocorrendo também por parte da Prefeitura à doação do conjunto de material contendo fossa, filtro e caixa de gordura, para propriedades que não possuem nenhum tipo de tratamento do esgoto doméstico.
Além disso, a FUNDEMA está promovendo a instalação de pontos de entrega voluntária para material reciclável no interior. Mediante a um cronograma definido pelo setor, caminhões realizam a coleta do material beneficiando também os moradores da área rural.
Os produtores aprovam o sistema caxambu
Ao percorrer toda a área rural do município de Caçador, é difícil encontrar um produtor rural que não faz uso do sistema caxambu. Os que ainda não fazem parte, já estão com o projeto em andamento. O objetivo da FUNDEMA é ter 100% das propriedades rurais usufruindo de água do projeto. A prioridade é contemplar as nascentes que fornecem água para o consumo humano.
Na comunidade da Linha Rio Bugre, distante cerca de dez quilômetros da área central da cidade de Caçador, o produtor Renato Pelegrinello realizou a construção do caxambu em três nascentes de água. Uma das mais antigas é usada há 60 anos pela família, inclusive a água passa periodicamente por análises, pois a água é utilizada em uma fábrica de sucos que é mantida na propriedade.
“A água é perfeita, limpa, mandamos amostras para análise em laboratório e não existe nenhum tipo de contaminação. Inclusive aumentou a produção de água, pois preservamos os arredores e isso influencia. O caxambu é importante pois estamos preservando uma nascente, mesmo que ela não esteja sendo utilizada, é uma garantia para o futuro”, comenta o produtor Renato.
A FUNDEMA e EPAGRI já iniciaram este ano a coleta de amostras de água e análises já estão sendo realizadas. De acordo com a extensionista social da EPAGRI, Daniela Helena Conorath, a partir do próximo ano será possível realizar um comparativo da qualidade da água após a implantação dos caxambus.
“Assim que começamos a trabalhar com o projeto houve uma grande demanda e impossibilitou que conseguíssemos dar conta de todo o trabalho. Agora em 2015 já estamos realizando esse trabalho e os dados poderão futuramente ser comparados com os de 2016”, afirma Daniela.
Como é feito o caxambu
A engenheira ambiental Raquel Gomes de Almeida ensina que após a análise da nascente feita pela equipe técnica, começa a preparação do local. Todo o lodo, folhas e raízes devem ser removidos até se chegar à terra firme, a limpeza é importante, pois a nascente vai ficar lacrada e não se terá mais acesso a ela.
Depois disso, com cal é feito a desinfecção das paredes da nascente e na sequencia usa-se um tubo com canos de plástico acoplados com argamassa, a serem usados para as saídas da água. Então abre-se uma vala no sentido em que a água nasce e este será o local por onde a água vai até o tubo.
Veda-se bem as paredes com o tubo, formando uma espécie de muro que terá todo o interior preenchido por pedras ferro. As pedras tem o objetivo de formar um grande filtro para passagem da água desde a nascente até o cano de saída.
Além disso, durante a execução do trabalho é necessário lavar as pedras com água sanitária. Posteriormente coloca-se uma lona preta por cima das pedras, que terá o objetivo de evitar que a água da chuva infiltre na nascente levando consigo poluição e partículas de solo.
E por fim, toda a lona e a nascente são cobertas com terra, local em que a vegetação vai nascer. Depois de certo tempo, com o crescimento da vegetação, percebe-se apenas o tubo com os canos que são as saídas de água. O indicado ainda é cercar toda a área e plantar diversas árvores nas imediações, as quais irão ajudar na preservação da nascente.
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